A empresa suíça QWSTION encontrou nas Filipinas uma fibra de bananeira com potencial orgânico e inovador para fazer tecidos. Graças à descoberta, a empresa investe na fabricação de tecidos para bolsas e acessórios feitos a partir dessas fibras de bananeiras, com o chamado Bananatex®.
Desde o início da QWSTION, há quase uma década, a empresa busca maneiras de fazer sacolas feitas com recursos renováveis, funcionais e sustentáveis. Depois de anos testando alternativas naturais aos têxteis sintéticos, a QWSTION passou a usar apenas fibras naturais cultivadas organicamente para os tecidos de suas bolsas e acessórios, com algodão 100% orgânico. Isso até o ano de 2015.
A matéria prima: fibra de bananeira
Naquele ano, a empresa encontrou uma planta da família das bananeiras conhecida nas Filipinas como “Abacá” ou “cânhamo-de-manila”. As propriedades da planta eram favoráveis à proposta da QWSTION, que buscava um produto renovável com propriedades positivas.
A planta cresce dentro de um ecossistema natural de agricultura e silvicultura sustentável. A Abacá não precisa de pesticidas ou água extra para ser produzida. Graças a essas características, o cultivo das bananeiras contribui também para o reflorestamento em áreas das Filipinas que antes sofriam erosão por causa das plantações de palmeiras, assim como incentiva a produção agrícola. A QWSTION investiu três anos em pesquisa, testes e desenvolvimento para criar em 2018 esse material circular, o Bananatex®.
Bananatex® – tecido feito de fibra de bananeira
O Bananatex® é um tecido impermeável durável feito de fibra de bananeira cultivada sem tratamentos químicos. O tecido é forte e ao mesmo flexível, e tem revestimento natural de cera de abelha, que o torna resistente à água. Tornou-se, portanto, uma alternativa viável aos tecidos sintéticos que atualmente predominam na indústria de bolsas.
As bolsas feitas pela QWSTION com o Bananatex® são projetadas para não deixar resíduos após o corte das peças individuais. Ao final dos ciclos de vida das bolsas, o tecido é 100% biodegradável, e suas fivelas e zíperes podem ser reciclados. Ou seja, tanto o tecido quanto os complementos para a bolsa são materiais que integram os dois tipos de processos produtivos da economia circular: os ciclos técnico e biológico.
Circularidade a partir da fibra de bananeira
Vale lembrar que no ciclo técnico circulam materiais que não são produzidos de forma contínua pela tecnosfera e não são renováveis, como por exemplo metais e plásticos (no caso, as fivelas e os zíperes das bolsas),
Já o ciclo biológico engloba materiais (como os tecidos feitos de fibra de bananeira) obtidos de matéria renovável, que são biodegradáveis e retornam como nutrientes biológicos aos ecossistemas.
Brasil também tem empresas que investem na fibra de bananeira
O uso das fibras de bananeiras não são exclusividade da empresa suíça: o Brasil também investe nesse material.
Um exemplo brasileiro é a empresa Tamoios, que estudou e passou a explorar o beneficiamento tecnológico de fibras de bananeiras, baseada tanto na sua viabilidade financeira quanto no seu impacto como produto agroindustrial.
Foi a partir desse estudo que a empresa chegou ao produto IVAT, um revestimento com múltiplas possibilidades de uso, como papel de parede, revestimento de móveis e design de objetos.