Crédito: Divulgação Sinctronics
A Sinctronics, empresa com sede em Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, especializou-se em reaproveitar o plástico dos eletrônicos. Essa reutilização se enquadra no processo de upcycle ou superciclagem, que, como vimos no post da semana passada, objetiva reciclar os materiais disponíveis nos produtos sem perda do seu valor ou da sua qualidade.
Ao se denominar “centro de inovação em sustentabilidade”, a Sinctronics não se equivoca, pois é capaz de transformar o plástico empregado nos eletrônicos em matéria-prima.
Para ficar mais claro: a qualidade do plástico recuperado ou reciclado pela Sinctronics é a mesma daquele produzido a partir de resina virgem.
“Conseguimos reintroduzir o plástico ABS na mesma cadeia produtiva em 100% dos casos. Evoluímos a tal ponto de não haver desperdício”, disse Mileide Cubo, gerente de operações da Sinctronics, em entrevista ao blog da Ideia Circular. O ABS é um tipo de plástico muito presente nos equipamentos eletrônicos. A indústria usa esse material como nutriente técnico há anos, fazendo parte tanto do televisor antigo de tubo quanto do televisor moderno de tecnologia LED. Muito resistente e ao mesmo tempo leve e flexível, o ABS, também conhecido no universo químico como “acrilonitrila butadieno estireno”, é um importante isolante elétrico.
A Sinctronics faz parte da organização multinacional de nome Flex, que é contratada por grandes empresas de equipamentos eletrônicos como a americana HP – Hewlett-Packard – interessadas em terceirizar a produção. Sua responsabilidade é reaproveitar os materiais, especialmente o plástico, disponíveis nos equipamentos fabricados pelo grupo que se tornam obsoletos. Faz, portanto, o trabalho de logística reversa não apenas para sua organização como para empresas espalhadas por todo o Brasil – possui mais de 20 clientes em quase sete anos de atividade. Apenas em 2016, de acordo com o relatório de sustentabilidade da empresa, foram mais de 11 mil requisições de coletas atendidas pelos mais de 250 veículos mantidos pela Sinctronics.
Os produtos recebidos são caixas eletrônicos de banco, máquinas de cartão de crédito, roteadores, decodificadores de TV a cabo, notebooks, celulares, impressoras e computadores do tipo desktop.
“O plástico é transformado em resina novamente e moldado em partes para que assim componham novos produtos”, explicou Mileide. “Esse ciclo de uso do plástico não tem fim, já que o upcycle é feito continuamente com os materiais que vão chegando”, afirmou.
A fase da triagem é fundamental para o sucesso do reaproveitamento. De forma manual, os profissionais separam os materiais das embalagens por tipo. O objetivo é assegurar que toda parte receba o melhor destino, alimentando como nutriente técnico a cadeia produtiva apropriada.
Veja abaixo o que acontece com cada parte dos produtos eletrônicos.
Plástico rígido: é separado por tipo e cor para que se torne resina reciclada depois da extrusão. Esse plástico precisa passar depois da triagem pela extrusão a fim de que seja reutilizado pela indústria em novos eletrônicos com a mesma qualidade e propriedade da resina de extração. Na extrusão, o plástico triturado é derretido em primeiro lugar. Depois, ele é esticado como um macarrão para na sequência ser picado em grãos, o que possibilita que seja moldado na máquina de injeção de peças plásticas.
Circuitos elétricos: são enviados para recuperação de metais.
Partes metálicas: são recicladas e transformadas em novas partes metálicas, ou seja, recirculam no ciclo técnico ou na tecnosfera.
Sacos plásticos que embalam os produtos eletrônicos: voltam para a indústria de embalagens, que podem reutilizá-las.
Etiqueta, espuma, tinta e pó de toner: são coprocessados em reaproveitamento energético. Esse processo de incineração não é a solução mais adequada. De acordo com a economia circular e o cradle to cradle, deve ser a última alternativa para os materiais.
Isso porque os materiais depois de queimados não podem mais retornar aos seus ciclos. Além disso, tintas e pó de toner, por exemplo, são de forma geral tóxicos.
Mesmo que as toxinas sejam filtradas no processo, a incineração gera ainda assim resíduo indesejável. Para o C2C, o ideal seria reformular seu modo de produção – o design do produto – optando por materiais que não fossem nocivos para o meio ambiente e com possibilidade de originar novos ciclos de uso.
Gostou do post de hoje? Ficou com alguma dúvida sobre como reaproveitar plástico dos eletrônicos? Não hesite em deixar seus comentários!
Adorei o artigo e estou estudando sobre a Sinctronics e a Flex!!! Fantástico!