Carpetes modulares são amplamente empregados em edifícios empresariais e residenciais ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, maior mercado mundial, os carpetes respondem por 51% da venda de pisos . Na Europa, é previsto que a demanda por carpetes ultrapasse 800 milhões de metros quadrados em 2022 . Já a Ásia representa o mercado de maior crescimento no setor, devido ao rápido processo de urbanização e à alta demanda por novas construções.
Esses altos índices de consumo geram milhões de toneladas por ano de carpetes usados que são descartados em aterros sanitários ou incinerados. O volume de descarte sobrecarrega o sistema de tratamento de resíduos sólidos e é agravado pelo uso de materiais tóxicos como PVC e ftalatos na sua fabricação, contaminando o ambiente. O carpete descartado significa perda de materiais que poderiam ser reintroduzidos na indústria e reaproveitados em novos produtos.
Algumas companhias do setor têm se destacado por transformarem essa realidade através de iniciativas na modificação da composição e do design dos carpetes, possibilitando que sejam desmontados e reciclados, além de se responsabilizarem por sua coleta ao final do uso.
A Shaw é exemplo deste modelo. A empresa é a maior produtora de carpetes do mundo e líder de mercado nos Estados Unidos. Em 1999, iniciou um processo de transição para um modelo ecológico. Em 2007, tornou-se a primeira empresa de carpetes a obter a certificação Cradle to Cradle®. No seu último relatório de sustentabilidade de 2016, a Shaw anunciou que 85% de seus produtos já são certificados Cradle to Cradle, e tem como objetivo atingir 100% até 2030 .
O comprometimento com a saúde dos materiais, uma das categorias da certificação C2C, também a destaca no que diz respeito à contribuição para a qualidade do ar do interior dos ambientes, visto que os materiais que compõem um edifício e o mobiliário de ambientes fechados podem liberar contaminantes como os COVs (compostos orgânicos voláteis) que são uma das causas do que a Organização Mundial da Saúde definiu como “Síndrome do Edifício Doente”, e que podem causar complicações como alergias, asma, etc. . Os produtos com certificação C2C garantem que a composição dos materiais não seja nociva aos usuários.
A tecnologia patenteada EcoWorx® consiste em uma base termoplástica de poliolefina livre de PVC e betume, que incorpora 44% de materiais reciclados e utiliza 40% menos energia em sua produção do que carpetes convencionais. As fibras são feitas em náilon-6 (tecnologia EcoSolution Q®), que incorpora náilon reciclado e é por si 100% reciclável. A empresa se responsabiliza pela coleta do carpete após o tempo de uso em qualquer lugar do mundo, recolhendo o material e recuperando-o como matéria-prima para a produção de novos carpetes, sem perda de performance. De 2006 até hoje, a Shaw já reciclou mais de 300 mil toneladas do produto.
O sucesso da empresa é resultado da união de sustentabilidade com performance e preços competitivos. A performance dos carpetes com tecnologia EcoWorx® é melhor do que produtos semelhantes que utilizam produtos químicos tóxicos. Também é 40% mais leve, o que facilita e diminui os custos de transporte e instalação. Os carpetes atendem aos setores empresarial, doméstico, hospitalar e educacional, e já foram instalados em milhares de projetos em mais de 80 países , inclusive no Brasil.
Melhoria contínua
O design Cradle to Cradle engloba o uso de energia renovável, manejo de água, responsabilidade social, saúde dos materiais e reciclagem. Ao adotar a certificacão C2C, a empresa se compromete a um processo de melhoria contínua em todos esses aspectos.
Apesar dos esforços de inovação, as estatísticas de reciclagem destes carpetes ainda estão longe de seu máximo potencial. Isso se deve a duas razões. A primeira é que muitos consumidores acabam não devolvendo os carpetes para a empresa. Há um mercado de repasse de carpetes usados. Existem ainda serviços de retirada que mandam os carpetes para aterros sanitários ou incineração. É preciso, portanto, tornar os hábitos de pós-consumo coerentes com a proposta de sustentabilidade.
Além disso, tendo em vista que o tempo de vida do produto é estimado entre 7 e 20 anos, existe um intervalo de tempo longo entre a aplicação das inovações e o retorno ambiental desejado em termos de reciclagem. Como as iniciativas de produção de carpetes com design circular ainda são recentes e os produtos desta geração ainda estão dentro de seu tempo de uso, podemos classificar a circularidade no setor de carpetes como um processo em plena transição.
Autoria: Susan Moreno