Uma forma de criar produtos e sistemas de impacto positivo – tanto para as indústrias, como para as pessoas e o meio ambiente, e que sejam alinhados à Economia Circular, é incorporar vetores ambientais e princípios inspirados na natureza ainda na fase de design, eliminando o conceito de “lixo”.
Após o consumo, os produtos que utilizamos vão parar no meio ambiente de uma forma ou de outra. Na lógica circular, os produtos relacionados ao Ciclo Biológico são projetados para serem facilmente incorporados pelo solo como nutrientes para a biosfera, tal como acontece na natureza. Para que isso seja possível é necessário optar por ingredientes seguros às pessoas e ao meio ambiente, sem o uso de produtos químicos tóxicos ou processos de fabricação poluentes, e utilizar materiais biodegradáveis e advindos de recursos renováveis.
Bioembalagens: biocompatíveis e biodegradáveis. Fonte: Oka Bioembalagens
A Oka Bioembalagens é um ótimo exemplo nacional do desenvolvimento de embalagens e produtos pensados para serem incorporados ao ciclo biológico a partir de recursos renováveis e biodegradáveis. A empresa foi criada no Centro de Raízes Tropicais da Unesp de Botucatu e há mais de 15 anos atua no segmento de pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia. Unindo design, inovação tecnológica e novos modelos de negócios baseados na Economia Circular, a Oka desenvolveu uma tecnologia para a concepção de embalagens biocompatíveis feitas a partir da fécula de mandioca.
A produção utiliza matéria prima renovável para a fabricação de produtos 100% biodegradáveis, não utiliza resinas sintéticas ou produtos tóxicos. Após seu uso, as embalagens podem ser encaminhadas diretamente para a compostagem, alimentando o solo para gerar novos materiais, ou até servir como ração animal. Não há geração de lixo: os resíduos tornam-se nutrientes para outros ciclos, em um fluxo de materiais que se transformam. Dessa forma, alinham-se à proposta de uma Economia Circular e dos princípios do Berço ao Berço / Cradle to Cradle para nutrientes biológicos, a partir da qual o ciclo do material se inicia e finaliza no solo, retroalimentando um novo ciclo.
As embalagens são atóxicas e possuem alta plasticidade e rigidez. São isolantes térmicas e acústicas e resistentes a temperaturas de até 200 ºC. Além disso, possuem colorações e texturas naturais baseadas na biomimética – um conceito que busca compreender e reproduzir as estruturas biológicas a partir de novos conceitos e paradigmas projetuais inspirados na natureza.
Além da fibra de mandioca, a Oka utiliza outras fibras naturais, conferindo resistência mecânica e estética diferenciadas, de acordo com a necessidade do cliente. O mercado de atuação engloba brindes, cosméticos, eletrônicos, festas e eventos, ovos, tubetes de mudas e vasos de plantas.
Com esta proposta inovadora, a Oka conquistou prêmios como Ecodesign da FIESP e projetos, dentre eles o SICLO em 2002, o STOCK em 2004 e o Idhea Brasil 2010, com a linha de bioembalagens.
Além disso, a Oka foi um dos projetos escolhidos para integrar o programa de incubação 2017 da Kaleydos, uma plataforma de negócios voltados à construção de cadeias de valor mais éticas e sustentáveis, de iniciativa do Instituto Jatobás. “A ideia, além da aceleração que vamos receber, é unir o centro de tecnologia do bambu e usar as fibras (os resíduos gerados) para adicionar à nossa biomassa e gerar bioembalagens de mandioca e bambu”, conta a designer Érika Cezarini Cardoso.
A proposta da empresa a coloca como um importante ator industrial no cenário nacional, uma vez que contribui para a transformação dos modelos produtivos tradicionais para processos sustentáveis e circulares do Berço ao Berço. É um exemplo da inovação brasileira ao extrair o valor de matérias primas orgânicas locais para alimentar os ciclos biológicos.
Assista abaixo o vídeo institucional da empresa:
VIDEO
Saiba mais:
Site do Instituto Jatobás
Site da plataforma Kaleydos
Colaboração: Taina