Ecovative cria solução Cradle to Cradle que substitui isopor

Share
Gavin McIntyre e Eben Bayer, fundadores da Ecovative. Fonte: Ecovative

A empresa Ecovative está entre as pioneiras de um novo paradigma na produção de materiais, que integra o mundo biológico ao design, seguindo o Cradle to Cradle. “Nós cultivamos materiais” – é o slogan da empresa. A partir de subprodutos da agricultura e micélio de fungos, diferentes tipos de produtos são “cultivados” e podem ser usados para substituir isopor e plásticos em geral, como em embalagens, móveis, módulos de construção etc., gerando produtos de alta performance (resistentes a impacto, fogo, etc), economicamente competitivos e 100% compostáveis.

Gavin McIntyre e Eben Bayer, fundadores da Ecovative. Fonte: Ecovative

A tecnologia surgiu em 2006 a partir de um trabalho de faculdade de dois estudantes do Instituto Politécnico Rensselaer (Nova York), Eben Bayer e Gavin McIntyre, que no ano seguinte empreenderam a Ecovative, tendo recebido desde então apoio financeiro em competições de negócios, agências governamentais e de empresas como a 3M. Em 2015, o material recebeu a certificação Cradle to Cradle® Gold, um dos mais altos níveis de certificação Cradle to Cradle®. Recentemente a empresa conquistou um contrato de pesquisa de 9.1 milhões de dólares do Departamento de Defesa norte-americano para desenvolver uma nova geração de materiais de construção em parceria com grandes universidades americanas.

O processo de produção começa com o preparo da matéria-prima, que aproveita resíduos da agricultura local, como cascas de sementes e biomassa de madeira. Destaca-se aqui o incentivo ao uso de materiais locais, pois a matéria-prima pode ser obtida a partir de culturas diversas como milho, algodão, ou outras, adaptadas conforme a localidade. Durante o pré-processamento, o material é limpo, cozido e inoculado com o micélio, sendo em seguida deixado em repouso entre 2 e 5 dias em um recipiente que já serve de molde. O micélio faz seu trabalho biológico de digestão da biomassa, criando uma matriz polimérica que gera um material homogêneo e denso. O processo de crescimento é então interrompido por calor, tornando o material estéril. Em alguns casos é utilizada uma prensa a quente para a moldagem final de chapas em formatos específicos.

O micélio consiste no corpo vegetativo dos fungos, uma porção de hifas emaranhadas que é responsável pela sustentação e absorção de nutrientes. Como o processo biológico não chega no estágio de produção de esporos, não há substâncias alergênicas produzidas ou qualquer risco à saúde.

Processo de digestão da biomassa feita pelo micélio. Fonte: Ecovative

A primeira linha de produtos da Ecovative foi o MycoFoam®, com utilização análoga ao isopor e aplicado principalmente a embalagens de proteção, como cantoneiras que vão dentro das caixas de produtos eletrônicos, garrafas, móveis, etc, tendo empresas como a Dell entre seus clientes. Esses componentes, que geralmente têm tempo de vida curto pois são usados apenas para o transporte dos produtos e logo em seguida viram lixo, na versão da Ecovative podem ser despedaçados e jogados no jardim, ajudando a nutrir o solo.

O portfólio da empresa inclui outras linhas de materiais como a placas rígidas MycoBoard® que podem ser aplicadas em móveis (como encostos para cadeiras), componentes para arquitetura e objetos rígidos em geral e os kits “GIY – Grow it Yourself” (“Cultive Você Mesmo”), que são uma mistura de biomassa e micélio que o próprio cliente coloca no molde que quiser. Atualmente estão sendo desenvolvidas outras aplicações como módulos de isolamento acústico e uma linha completamente nova baseada apenas em micélio, que promete aplicações com textura “emborrachada” como solas de sapato, almofadas, tapetes de yoga, etc.


Autora: Susan Moreno

Share

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Continue lendo a postagem