O termo biofabricação refere-se ao uso de materiais biológicos como bactérias, fungos ou algas para o desenvolvimento de novos materiais. Foi a partir dele que a designer Elena Amato desenvolveu um material feito de celulose bacteriana, 100% natural, compostável e vegano. O produto foi aplicado numa coleção de embalagens para cosméticos naturais de consistência cremosa chamada O ponto.
O material substitui os plásticos utilizados em embalagens de uso único, que geram alta quantidade de resíduos. A celulose da embalagem é produzida por uma colônia de bactérias e leveduras utilizada na fabricação da bebida probiótica chamada Kombucha.
Que biofabricação é essa
O material é compostável, de fonte renovável, rápido crescimento, vegano. Além disso, a biofabricação das embalagens consome pouca energia. É de baixo custo e utiliza processos low tech, facilitando o controle do trabalho justo e a geração de empregos nas localidades onde há a fabricação.
Os pigmentos naturais utilizados (açafrão, hibisco, spirulina e carvão) atribuem diferentes propriedades ao produto. O processamento e a secagem da celulose resultaram num material com características similares às do papel e do plástico. E a embalagem pode ser colada apenas com água, eliminando a necessidade de utilizar adesivos.
Desembalar menos, descascar mais
A frase “desembalar menos, descascar mais” foi usada como conceito para o desenvolvimento do produto. A ideia é que passe uma sensação tão natural quanto de uma fruta, simulando a estrutura suco-polpa-casca, a partir da ação de descascar a embalagem.
Os itens da coleção foram formados em um recipiente feito de sabonete para conter produtos cremosos e um envoltório feito de celulose bacteriana que protege o sabonete e contém as etiquetas com as informações do produto e da marca. A corda que conecta a etiqueta ao produto e as etiquetas também são feitas com celulose bacteriana.
Resultado circular
Os resultados de experimentações como essa entre design e biologia mostram o potencial da biofabricação como ferramenta para impulsionar a economia circular.
A biofabricação permite o desenvolvimento de novos materiais que possam circular infinitamente no ciclo biológico. É promissor perceber o crescente envolvimento de designers no desenvolvimento de novos materiais e produtos circulares por meio da biofabricação.
Outras aplicações
Além da biofabricação de embalagens, a celulose bacteriana é estudada principalmente pela área da moda para o desenvolvimento de materiais que possam substituir o couro. Também é usada em diversas aplicações como na elaboração de absorventes, luminárias, pratos descartáveis, capinhas de celular, embalagens de alimentos, entre outros.
Abaixo alguns projetos e designers que trabalham atualmente com celulose bacteriana.
Eles fora destacados por Elena, que foi quem nos forneceu todas as informações desse texto:
Elena Amato – Guatemala/Brasil
Silvio Tinello – Argentina
Ellen Rykkelid – Noruega
Karu – Argentina
Roza Janusz – Polônia
Biology Studio – México
Emma Sicher – Italia
Suzanne Lee – New York
Labva – Chile